No seguimento do post do Pedro Leite que, por sua vez, referenciava um post meu, sobre a importância do sector cultural na economia do país, gostaria de partilhar convosco a opinião da Ministra da Cultura perante os resultados do estudo encomendado pelo Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais que o Pedro referiu aqui.
Para Gabriela Canavilhas, "o sector cultural tem potencialidade e que, devidamente estimulado, pode gerar retorno económico". Referiu ainda que é chegada a hora de "reorientar e repensar estratégias", que permitam contrariar o estado de subsidio-dependência em que se encontra o sector.

Desta forma, o Primeiro Ministro parece cumprir aquilo que prometera no Fórum Novas Fronteiras sobre cultura, aquando da campanha legislativa, tendo referido, na altura, que, à semelhança da "aposta do Governo no conhecimento, na ciência, na tecnologia e na inovação" ao longo do mandato passado, a Cultura seria "uma prioridade", e que pretende "valorizar o que é hoje um elemento essencial na dinâmica do país" e "na dinâmica económica", como também "para o enriquecimento individual" dos indivíduos."

Acreditamos que são os primeiros passos para a valorização do sector, mas estaremos atentos às políticas desenvolvidas pelo Governo Central, nesta área.

[Ana Leite]

3 comentários

Ivo disse... @ 7 de março de 2010 às 19:01

Apesar de reconhecer que se tem dado maior importancia á cultura nos ultimos 5 anos, parece que tal já está a abrandar ou estagnar de todo.
O conceito de Cultura sempre foi tido como algo extra.
Por muito que se queira negar. A realidade é dura quando no sec XXI há crianças do ensino primário português que dizem que a música não serve para nada.
É então que me recordo que em Portugal o termo Cultura refere-se apenas a artes e representação, e que a classe média-baixa tem pouco acesso e conhecimento.
O IVA nos artigos musicais continua a ser evidencia disso.

Não obstante da divulgação que tem havido, as universidades e o ensino público na generalidade encaminha as crianças e adolescentes para cursos de teor teórico, criando um excedente de professores, doutores e engenheiros.

Lembro-me inclusive de na década de 90 ter optado por Educação Musical como opção de 7º ano, e ter-me sido comunicado antes do inicio escolar que não havia professores para leccionar Educação Musical, e teria que optar por outra disciplina.
O mesmo ainda acontece hoje. Mas não por falta de professores como pude testemunhar. Leccionei música no Ensino Primário, no ano seguinte nessas mesmas escolas onde havia leccionado optaram por fazer actividades cientificas em prol da música.

É verdade que não se luta por isto.
Não quando existem problemas bem mais graves, que em casos extremos põem em causa, não o bem estar, mas sobrevivencia de pessoas.

PS: Acabei por escrever muito além da Cultura, mas afinal, não está tudo interligado?

Ana Leite disse... @ 7 de março de 2010 às 22:49

Ivo,
Agradeço o seu comentário! Concordo consigo e como já foi referido, neste blogue, em posts anteriores, sobre o dualismo cultura/educação, é fundamental que as áreas artísticas estejam presentes, desde cedo, nas escolas. Contribui para a formação cultural do indivíduo, propicia uma maior procura e, consequentemente, uma oferta com mais qualidade, valorizando não só o sector, como também os profissionais da cultura que, muitas vezes, não se sentem reconhecidos. Tal como questionou no final e bem, está tudo interligado, e quando começamos a falar de cultura, deixamo-nos levar por devaneios que despoletam um turbilhão de ideias e conceitos que podem e devem ser explorados. Por isso, tenho todo o gosto em “discutir” cultura consigo como têm também, certamente, os restantes colaboradores deste blogue.
Cumprimentos,

Pedro Leite disse... @ 9 de março de 2010 às 16:41

Concordo plenamente!
A frase "O IVA nos artigos musicais continua a ser evidencia disso." continua, a meu ver, a ser um escândalo. A outros sectores são dadas regalias e mais regalias, inclusive "planos de salvação", quando é óbvio que a sua contribuição para o país e a humanidade é no mínimo discutível.
Mas para isso é que cá estamos :)

Enviar um comentário