[Obra da Colecção Berardo, fotografada em Agosto de 2008]

Inicio com este post, um conjunto de intervenções neste blogue sobre aquilo que considero ser uma política cultural eficaz. Embora tenha noção que pensar uma política cultural reveste-se de condicionalismos e realidades diversas, considero que o Estado deve ter uma política assente na igualdade de oportunidades no acesso aos bens culturais, na formação de públicos e numa estratégia económica para o sector. Hoje, vou abordar, especificamente, a democratização da cultura.

O acesso igualitário de todos os indivíduos e grupos sociais aos bens culturais é a melhor forma de corrigir desigualdades. Por isso, democratizar a cultura é um conceito elementar quando se pretende uma política cultural para todos os cidadãos. Sendo a cultura um complemento do ser humano, é dever do Estado ampliar o acesso aos bens, serviços e equipamentos culturais e incentivar a participação e a organização das comunidades. É, também, dever do Estado garantir a todos o acesso à fruição e produção cultural, estimulando a criação dos artistas, apostando na formação de públicos garantindo a acessibilidade dos bens e equipamentos culturais.

Democratizar a cultura é o início de um percurso para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.

[Ana Leite]



Ainda com o cansaço de um longo fim de semana nos ombros, escrevo este post ao som da Even Flow dos Pearl Jam. No mês passado escrevi sobre os Festivais de Verão, e agora dou-vos a minha visão do primeiro festival que fui este ano.

Tal como escrevi no post anterior, podemos ver um festival, ou VIVER um festival, e de facto, com o passar dos anos e o acumular de responsabilidades profissionais, a minha estreia resumiu-se ao ultimo dia do Optimus Alive! 10. O dia de encerramento do festival contou com nomes como Pearl Jam, Gogol Bordello, LCD Soundsystem, Peaches, entre outros. Veredicto? ADOREI!

Apesar ter ido só um dia, e para muita pena minha, já que nos outros dias poderíamos ver bandas como Faith No More, Deftones e Gossip, gostei muito do festival. Tratou-se do meu segundo ano de Optimus Alive, já que estive presente na edição de 2008. Comparando as duas edições, apreciei a tentativa do terceiro palco que houve este ano, mas penso que na prática os resultados não foram positivos: houve um maior fluxo de pessoas, que juntando ao facto de o festival ter esgotado para esse dia, criou demasiado pó e demasiada confusão, para compensar as bandas "extra". Estranhamento, penso que há dois anos, sai do festival com a sensação de um maior número de bandas, com sets mais longos. Estranhei também a duração do concerto de Gogol Bordello, pois achei demasiado curto.

Claro, e criticas à parte (o sistema de som claramente não esteve ao nível de algumas bandas), o concerto de Pearl Jam foi soberbo, contagiante, energético: 45 mil pessoas a cantarem, fulmina qualquer espectador mais reticente. Admito que não sou um fã incondicional da banda, mas fiquei completamente rendido ao espectáculo. Sem dúvida algo que devemos ver durante a vida. O anuncio de Eddie Vedder, que seria "o último concerto durante muito tempo", só serviu para sublinhar a minha já enorme satisfação, de ter tido a oportunidade de os ter visto ao vivo.

Foi uma viagem longa (para um fim de semana), mas claramente valeu a pena. O campismo deixou muito a desejar, tal como à dois anos, mas, mais uma vez, valeu a pena!


Antes de voltar, ainda fiz uma rápida visita ao Museu Berardo, no CCB, e pude assim desfrutar das exposições, das quais destaco OSGEMEOS, que achei muito interessante. Trata-se de instalações de dois "irmãos brasileiros, Gustavo e Otávio Pandolfo (1974, São Paulo) conhecidos como OSGEMEOS, que estão envolvidos na criação dum mundo fantástico, cheio de histórias quotidianas em forma de poesia. A pintura feita nas ruas e as criações feitas para obras e instalações em galerias e museus partem da mesma inspiração onírica que existe dentro da mente destes irmãos gémeos, cuja obra é agora apresentada pela primeira vez em Portugal."

Infelizmente, dada a conjuntura actual, não sei até quando poderemos desfrutrar destas exposições, por isso aproveitem!

Concluindo: apesar de só ter ido ao dia final do festival, vivi-o sem dúvida, e recomendo que façam o mesmo. Aproxima-se Super Bock Super Rock, Paredes de Coura, e Sudoeste, por isso aproveitem, e vão! "A vida é demasiado curta para dizer que não".

Lamentos? Não ter ido os 3 dias!!


[Pedro Leite]

Sou grande fã de Morphine. Sabe a vinho do Porto (Sandeman?): quente, experenciado, suave, citadino, cor de sangue.

"By 09/09/99 I hope I'm sitting on the back porch drinking red wine singing
Oh french fries with peppe
r"

Morphine já não existe. Não sei se me orgulhe de ter visto o último concerto completo deles. O concerto seguinte não acabou - terminou a vida do Mark Sandman.

Há pouco tempo descobri um outro projecto com o Dana Colley, o saxofonista. Ele é inconfundível na sua forma de tocar e vale a pena seguir. Se já o ouvi noutras formações, desta vez, aplicam-se os mesmos adjectivos de Morphine juntando "feminino".

Monique Ortiz toca o mesmo baixo de duas cordas e tem a mesma voz de vida comprida que o Sandman tinha. Fiquei pasmado com a entrega, a perícia no baixo e a mulher de voz forte. Parece ser daquelas que não vale a pena andar ao estalo - ela deve ganhar.

A banda tem a mesma formação de Morphine, os mesmos instrumentos, o mesmo ambiente mas com outro sabor. Será que o Sandman encarnou na Monique? Não, nota-se a diferença.

Nada parecido com Morphine vai ser melhor que Morphine, mas A.K.A.C.O.D. arrepiou-me: o mesmo feeling reapareceu. É como se se tivesse formado um estilo: slide-bass de 2 cordas, bateria e duplo sax.

http://www.akacod.com/

[Rafael Ferreira]

Escrever sobre este festival, divulgá-lo, reconhecê-lo e valorizá-lo é algo que me dá especial prazer. Por um lado, o facto de ter estado envolvida na organização deste evento, na sua 2ª edição, em 2008. Permite-me conhecer toda a sua envolvência e o trabalho e dedicação de um conjunto de pessoas que, durante alguns meses, se entregam numa tentativa exaustiva de viabilizar este evento, em nome da sua paixão pelo teatro. É esta a postura que adopto em todos os projectos que me envolvo e, como tal, não poderia deixar de me identificar com ela.

Por outro lado, o próprio conceito do festival que tem como objectivo reunir todas as escolas de teatro do país, numa mostra de sete dias, tendo a cidade do Porto, como palco principal. Considero que a mais-valia deste festival, não é, apenas, a qualidade dos espectáculos apresentados nem o desenho teatral construído pelos encenadores/professores, nas peças apresentadas. É, sobretudo, o intercâmbio de saberes entre os alunos e professores de diversas escolas do país, o encontro e a discussão informal sobre o ensino artístico, a partir da ESMAE, Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo do Porto.

Existe ainda uma outra razão, embora carregada de simbolismo, que justifica a minha vontade de escrever sobre o SET: o facto de ser membro da 7 Devaneios, com uma passagem pelos 7 Pecados Patrimoniais. Permite-me assim, com muita facilidade, divulgar o Festival SET, onde já trabalhei, que se realiza durante 7 dias, no mês 7, com a apresentação de 70 eventos diversificados que prometem animar e contribuir, mais uma vez, para a dinamização da cidade do Porto.

A programação do festival que se realiza de 5 a 11 de Julho AQUI.

[Ana Leite]